BRINQUEDOS

Por Isabela Saldanha

Uma dúvida que sempre recebo dos pais é sobre qual é o melhor brinquedo que se deve comprar para seu filho. E esse conceito de melhor varia de pai para pai. Por exemplo, qual é o melhor brinquedo para determinada idade, o melhor que desenvolva a inteligência, o melhor para estimulá-lo, o melhor que desperte seu interesse. E junto com essa dúvida do melhor, sempre vem também a preocupação com o custo finaceiro desse brinquedo.

A boa notícia é que existe sim brinquedos que desenvolvem todos esses aspectos de estímulo, interesse, e habilidades cognitivas com um valor bem em conta.

Qual é esse Brinquedo?

Crianças são ricas em criatividade e imaginação. Você já reparou que muitas vezes compramos brinquedos para nossas crianças, alguns são até caros, mas vira e mexe elas estão brincando com que "não pode"? Ás vezes é no armário da cozinha com as panelas, às vezes no guarda-roupa da mamãe, ou às vezes é no jardim com pedras, folhas e barro. Elas fazem isso porque isso lhes permite entender o mundo ao seu redor e manipular os materiais da maneira que quiserem. A teoria de desenvolvimento de Jean Piaget enfatizou a necessidade de crianças manipularem, experimentarem e interagirem ativamente com seu ambiente para se desenvolverem (Piaget 1952).
Então, usar objetos que já são utilizados no dia-a dia de toda família e reutilizá-los, renová-los e reciclá-los, fará com que a criança tenha os mais estimulantes brinquedos para toda a infância. Por exemplo, tubos de papel higiênico, de papel toalha, rolhas, latas, caixas, botões, folhas, pedras, pinhas, pedaços de canos, garrafas de plástico, embalagem de produtos, ou seja, qualquer coisa que muitas vezes vão para o lixo, e muitas outras que são encontradas no quintal de nossa casa. Como essas peças não tem nenhum objetivo de ser algum brinquedo, as crianças podem fazer escolhas e decisões sobre como usá-los - e aprender a escolher faz parte do desenvolvimento socioemocional. Fazendo uso desses objetos encontrados, e criando espaços para as crianças usá-los, elas podem se entreter por horas. Não será apenas divertido, mas também fundamental para ajudar elas a desenvolverem níveis mais altos de pensamento crítico e criatividade.

Essas atividades são de natureza aberta, sem instruções de uso. Não existe uma maneira certa de brincar. As crianças podem transformá-lo no que quiserem. Duas ou mais crianças podem ser apresentadas com o mesmo objeto e o resultado final geralmente parecerá completamente diferentes. As crianças podem transformar uma panela em chapéu, ou barco. Uma pedra em um boneco ou em um ingrediente para a comida. Um lenço pode ser um cobertor, ou uma toalha para piquenique. Blocos podem ser muros, casas, carros. Em contrapartida, os brinquedos fabricados comercialmente, já vem com um objetivo e uma instrução de uso. Uma ambulância ou comidas de plástico permanecem os mesmos itens pretendidos pelo fabricante do brinquedo, nenhuma imaginação é necessária.

Abaixo trago um vídeo no youtube que é de um livro que ilustra bem esse assunto. O livro chama "não é uma caixa" de Antoinette Portis. Aos olhos dos adultos vemos apenas uma caixa, mas a criança não vê como caixa e sim ora um carro, ora um prédio, ora um robô.

https://youtu.be/J0RrYXdd96w - Não é Uma Caixa.

Benefícios

Pensamento Crítico - Esses objetos estimulam as crianças a considerar uma variedade de possíveis usos. Depois que as crianças esgotarem as possibilidades, elas podem reorganizar os materiais para outro jogo. Suas habilidades e imaginação para resolver problemas são
aumentada. Para preparar a criança para o futuro profissional, essa característica é bem significante. Uma vez que, para enfrentar os desafios e oportunidades no futuro, as crianças de hoje devem se tornar críticas e criar pensadores ativos, solucionadores de problemas e boas comunicadores.

Desenvolvimento Emocional e Social - Promove inclusão, todos os materiais são acessíveis.  Ajuda a melhorar o relacionamento das crianças e a auto confiança. Além disso, aumenta o senso de colaboração, habilidades de negociação, resolução de conflitos, comunicação e solução de problemas.

Desenvolvimento Cognitivo - Desenvolve o pensamento, linguagem, conceito de número, classificação, relações espaciais, representação de experiências e idéias e resolução de problemas. Podemos trabalhar matemática, ciência, física, movimento, música usando esses materiais e explorando a natureza. Na minha infância, eu lembro que uma técnica que minha professora usava para ensinar matemática era usando sementes grandes de árvores. Eu lembro da sensação de poder brincar com essas sementes ao invés só do caderno e lápis. A natureza é rica em diferentes cores, texturas, pesos, tamanhos, processos naturais que podem ser explorados e aprendidos pela criança.

Desenvolvimento Sensorial - Com tanta variedade de materiais, crianças pequenas podem desenvolver todos os sentidos. A natureza oferece materiais ásperos, macios, moles, duros, molhados, secos. Também temos as cores e cheiros que atraem a atenção e diversos objetos que produzem sons.

Sugestões   

Crianças de qualquer idade podem brincar com esses objetos. Para crianças menores escolher materiais de tamanhos maiores e supervisionar para que não tenha risco de engasgo ou sufocamento como qualquer outro brinquedo.

No meu trabalho como educadora infantil, tenho reparado que as criança passam horas brincando com materiais como caixas, pedras, conchas, areia ou água. Uma vez, fiz um trabalho para comemorar a entrada do outono. Fomos no parque da escola e cada criança escolheu as folhas que achavam mais bonitas, depois colamos todas no papel contact e pregamos na janela da sala. As crianças passaram o tempo todo envolvidas na atividade e realizadas ao ver o trabalho delas na janela. Nada dá às crianças um maior senso de poder e realização do que estar no controle dos materiais que eles estão usando e ver seu trabalho valorizado. Neste dia também pintamos pinhas para pendurar na sala.
As sugestões são infinitas, como as possibilidades e a criatividade das crianças. Abaixo, segue apenas algumas fotos para inspirarem vocês a iniciar esse projeto.

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Referência Bibliográfica

Daly, L., Beloglovsky, M., & Daly, J. (2015). Loose Parts: Inspiring Play in Young Children. St. Paul, United States: Red Leaf Press.